André Chermont, cônsul-geral do Brasil em Tóquio, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (21 de julho de 2025), afirmando que Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência, não embarcou com o ex-presidente Jair Bolsonaro rumo aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022. Chermont, que atuou como chefe do Cerimonial da Presidência em 2022, é testemunha de defesa de Martins, que é réu na ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado.
Durante seu depoimento, Chermont esclareceu que Filipe Martins não constava na lista final de passageiros do voo presidencial e que sua presença não era esperada. "Ele chegou a fazer parte da lista, mas depois não estava mais previsto", declarou o diplomata. A viagem de Bolsonaro foi classificada como de natureza privada, com a responsabilidade pela lista de passageiros recaindo sobre a Ajudância Geral de Ordens da Presidência, liderada por Mauro Cid.
Chermont corroborou a declaração de Cid, que também afirmou que Martins nunca esteve na lista definitiva. Ambos contradisseram um dos principais argumentos da Polícia Federal, que alegava risco de fuga de Martins, sustentando que ele teria acompanhado Bolsonaro na viagem. A defesa do ex-assessor sempre contestou essa versão, apresentando evidências que indicam uma possível fraude nos registros da PF sobre a entrada de Martins nos EUA.
Filipe Martins foi preso em 8 de fevereiro de 2024, durante a operação Tempus Veritatis, e libertado em agosto do mesmo ano por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Apesar das evidências apresentadas pela defesa, que incluíam uma declaração da empresa aérea Latam, confirmando que Martins embarcou de Brasília para Curitiba em 31 de dezembro de 2022, ele permaneceu quase sete meses detido. Moraes impôs medidas cautelares ao conceder a liberdade, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibições de comunicação e uso de redes sociais.