A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou, nesta segunda-feira (28), um relatório sobre o desempenho do setor no segundo trimestre de 2025, revelando uma queda significativa de 62,9% no financiamento de construções com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em comparação ao mesmo período de 2024. Foram financiadas 24.115 unidades entre janeiro e maio deste ano, um recuo em relação às 65.059 unidades do ano anterior, resultando em uma diminuição de 54,1% nos valores, que caíram de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões.
A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, atribuiu essa queda à alta taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano, o maior nível desde 2006, e à saída líquida de R$ 49,6 bilhões da Caderneta de Poupança no primeiro semestre de 2025. Ela destacou que tanto compradores quanto construtores enfrentam custos elevados de crédito, com os bancos priorizando o financiamento à aquisição em detrimento da produção.
Apesar da retração no crédito, o setor da construção civil alcançou um recorde de 3 milhões de empregos formais em maio, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O presidente da CBIC, Renato Correia, enfatizou a importância de novas medidas para fomentar o setor, que criou 149,2 mil novas vagas formais de janeiro a maio de 2025, embora isso represente uma queda de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A CBIC manteve sua projeção de crescimento do PIB do setor em 2,3% para 2025, sustentada pela inércia de lançamentos anteriores que ainda geram atividade e emprego. Vasconcelos expressou um "leve otimismo" em relação ao futuro, apesar do cenário econômico desafiador e da desaceleração nas expectativas de novos investimentos.