Neste sábado (5), no Rio de Janeiro, foi concluída a primeira sessão especial do Conselho Popular do Brics, um fórum que reúne representantes da sociedade civil organizada dos países membros do bloco, presidido pelo Brasil até o final do ano. O evento contou com a participação de movimentos sociais, ONGs, sindicatos e universidades, que elaboraram um caderno de recomendações a ser entregue aos líderes do Brics durante a cúpula marcada para os dias 6 e 7 de outubro.
As propostas foram desenvolvidas por sete grupos de trabalho que abordaram temas como saúde, educação, cultura, finanças, tecnologia, meio ambiente e estrutura organizacional. O documento, que contém quase cem páginas, será disponibilizado ao público no site do Conselho Popular do Brics. O professor Emílio Mendonça Dias da Silva, coordenador do grupo sobre institucionalidade do Brics, destacou a importância das propostas, especialmente em áreas sociais, embora reconheça que a segurança internacional também merece atenção devido ao aumento dos conflitos globais.
Entre as recomendações apresentadas estão a ampliação do uso de moedas nacionais no comércio entre os países do Brics, a reforma da governança global para aumentar a representação do Sul Global, o acesso universal à saúde e a criação de um fundo climático do Brics. Além disso, o Conselho Popular terá a oportunidade de se dirigir aos chefes de Estado no primeiro dia da cúpula, uma iniciativa considerada ousada por João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Stédile enfatizou a necessidade de mobilização popular para pressionar os governantes na implementação das propostas, destacando a importância da participação ativa da sociedade nas ruas, além das redes sociais. O professor Emílio da Silva também mencionou a existência de fóruns e mecanismos que podem facilitar a participação da sociedade civil nas discussões sobre a execução das recomendações do Conselho Popular do Brics.