O Conselho Popular do Brics entregou um Caderno de Recomendações aos líderes que participam da Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho. O documento, elaborado durante reuniões presenciais nos dias 4 e 5 de julho, aborda temas como saúde, educação, ecologia, cultura, finanças e soberania digital, propondo uma nova ordem internacional baseada na multipolaridade e justiça social.
Entre as principais recomendações estão a taxação de indivíduos com alto patrimônio líquido, reformas tributárias globais, acesso universal à saúde e a ampliação do uso de moedas nacionais nas transações do Brics. O grupo também defende a reforma na governança do FMI e do Conselho de Segurança da ONU, além de um controle mais rigoroso sobre paraísos fiscais.
Formado por líderes sociais de 11 países membros do bloco, o Conselho foi oficialmente reconhecido pela Declaração de Kazan em 2024. Esta é a primeira vez que movimentos sociais têm um espaço oficial para interagir com chefes de Estado durante a cúpula. O grupo se reunirá novamente em uma conferência ampliada em outubro em Salvador, onde pretende discutir a importância da cooperação entre organizações da sociedade civil e governos.
João Pedro Stédile, líder do MST e representante brasileiro no Conselho, destacou a necessidade de canais concretos de cooperação tecnológica e cultural. Victoria Panova, representante russa, enfatizou que o engajamento civil é fundamental para a sustentação dos debates na cúpula, considerando o Caderno de Recomendações um resultado significativo do esforço coletivo dos movimentos sociais.