No leste da República Democrática do Congo, milícias armadas estão em um conflito que já resultou na morte de mais de 5 milhões de pessoas e no deslocamento de 7 milhões, segundo a ONU. A guerra, que se arrasta há décadas, tem como pano de fundo a disputa por riquezas minerais, como ouro e cobalto, essenciais para a indústria tecnológica global.
O jornalista Pedro Borges, da agência Alma Preta, visitou um campo de refugiados na cidade de Kalemie e relatou as condições precárias enfrentadas pelos deslocados. Em entrevista ao podcast O Assunto, ele descreveu o campo como um espaço de grande sofrimento, onde as habitações são frágeis e vulneráveis a incêndios, e a presença de mulheres, crianças e idosos é marcante, todos lidando com fome e doenças.
Borges destacou que muitos refugiados sobrevivem com menos de um dólar por dia, recorrendo à venda de areia do lago Tanganyika para garantir uma renda mínima. Ele também mencionou o caso de uma família que estava há dias sem comida, com crianças doentes, evidenciando a gravidade da situação humanitária na região.
Além das batalhas étnicas, a luta pelo controle dos recursos minerais tem exacerbado o conflito, atraindo a atenção de grandes empresas de tecnologia que dependem desses materiais. A situação no Congo continua a ser um exemplo trágico da intersecção entre guerra, pobreza e exploração de recursos naturais.