Na manhã desta sexta-feira (4), um grupo de indígenas interceptou agentes da Força Nacional de Segurança Pública em Barra Velha, Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, e libertou cinco homens detidos por porte de armas. Os suspeitos, que estavam sendo levados para uma unidade prisional, foram soltos após ameaças de violência contra os policiais, que se viram em desvantagem numérica diante de cerca de dez veículos que bloquearam a estrada.
A abordagem inicial ocorreu durante um patrulhamento, onde os suspeitos foram flagrados com duas pistolas calibre 9mm e um revólver calibre .38. Apesar da apreensão das armas, os policiais foram forçados a liberar os detidos em meio à pressão do grupo. Após o incidente, o policiamento na região foi intensificado, com viaturas da Força Nacional e da Polícia Militar deslocadas para garantir a segurança e resgatar os agentes até a Delegacia da Polícia Federal em Porto Seguro.
O protesto que culminou na libertação dos homens estava relacionado à prisão do cacique Welington Ribeiro de Oliveira, conhecido como Suruí Pataxó, detido na quarta-feira (2) em uma ação anterior da Força Nacional. Os indígenas bloquearam a BR-101 por seis horas, exigindo a soltura do líder e a remarcação de terras. O Conselho de Caciques do Território Indígena Barra Velha manifestou indignação em nota, alegando que a abordagem foi realizada sem mandado e com motivações políticas, além de denunciar torturas sofridas pelos detidos durante o transporte.
A nota ressalta a criminalização do movimento indígena e a luta por direitos garantidos pela Constituição e tratados internacionais. O cacique Suruí é descrito como um símbolo de resistência na defesa dos direitos de seu povo e território, enfrentando uma situação de grave violação dos direitos humanos e desrespeito à dignidade das lideranças indígenas.