O presidente da Argentina, Javier Milei, utilizou o termo 'traidora' para se referir à sua vice, Victoria Villarruel, durante um discurso na Bolsa de Comércio de Buenos Aires em 10 de julho. A declaração, que não mencionou nomes, foi amplamente interpretada como uma crítica direcionada à sua colega de chapa, evidenciando desentendimentos que se intensificaram desde o início de seu governo. A tensão entre os libertários de Milei e os nacionalistas de Villarruel se tornou evidente após uma votação no Senado que aprovou o aumento de aposentadorias e pensões para pessoas com deficiência, uma medida rechaçada pela Casa Rosada.
A votação, convocada pela oposição kirchnerista, ocorreu em um cenário onde senadores governistas e aliados abandonaram a sessão, resultando em uma aprovação quase unânime. Villarruel, que também preside o Senado, tentou adiar a votação, mas foi impedida. Após a aprovação, Milei criticou os senadores que apoiaram a medida, prometendo vetá-la, enquanto Villarruel defendeu a proposta em suas redes sociais, gerando ainda mais polêmica.
Analistas políticos, como Pablo Touzon e Facundo Galván, destacam que a relação entre Milei e Villarruel já era conflituosa desde a eleição de 2021, quando ambos foram eleitos deputados federais. As divergências ideológicas entre Milei, que defende a mínima intervenção do Estado na economia, e Villarruel, que possui uma visão nacionalista e militarista, acentuaram a falta de confiança entre eles. A situação se agravou com a distribuição de ministérios, onde Villarruel não recebeu os cargos prometidos, resultando em uma ruptura explícita na coalizão governista.
A crise interna na direita argentina reflete uma disputa mais ampla entre diferentes correntes políticas, evidenciando a fragilidade da aliança entre os libertários e os nacionalistas. A situação atual levanta questionamentos sobre a governabilidade e a capacidade do governo de Milei em manter a unidade diante de pressões externas e internas.