O embate entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, pode ter implicações significativas para a política interna do Brasil. Segundo a gestora Kínitro, essa disputa pode representar uma oportunidade para Lula recuperar apoio popular, especialmente entre eleitores das classes C e D, em um momento de desgaste de sua imagem. O economista-chefe da Kínitro, Sávio Barbosa, destaca que uma postura firme contra Trump pode ser utilizada como um trunfo político, similar ao que ocorreu no México, onde a aprovação da presidente Claudia Sheinbaum aumentou após um discurso contundente contra os EUA.
A análise da Kínitro sugere que o confronto com Trump pode reacender a base de apoio de Lula, especialmente entre mulheres da classe média baixa no Sudeste. Barbosa observa que o governo brasileiro perdeu narrativa nos últimos meses e que essa situação pode ser uma chance para recuperar terreno. A gestora tem monitorado a mudança no humor do eleitorado desde março, indicando que a disputa presidencial de 2026 pode ser decidida em grupos específicos, tornando o embate com Trump uma peça-chave nesse contexto.
Entretanto, o impacto econômico da disputa pode ser mais complexo. A proposta de Trump de impor tarifas sobre importações brasileiras reacendeu preocupações, uma vez que os EUA representam 12% das exportações do Brasil, com setores como aviação e siderurgia sendo os mais afetados. A implementação de tarifas de até 25% poderia reduzir o PIB em cerca de 0,3 ponto percentual e afetar a valorização do real, que é crucial para o controle da inflação no país.
Além disso, a inflação nos Estados Unidos também é uma preocupação crescente. O índice de preços ao consumidor revelou um aumento de 3,5% nos preços de bens, o que pode sinalizar uma nova onda inflacionária. A Kínitro projeta que o PIB americano cresça 1,5% em 2025, acelerando para 2,5% em 2026, o que pode manter os juros altos por um período prolongado, impactando ainda mais a economia brasileira.