A colheita da segunda safra de milho, a mais significativa do calendário agrícola brasileiro, está progredindo rapidamente após um período de lentidão devido a condições climáticas adversas. No entanto, a falta de infraestrutura para armazenamento se torna evidente, com grãos sendo armazenados a céu aberto nas principais regiões produtoras, especialmente no Centro-Oeste. Essa situação levanta preocupações sobre os gargalos logísticos que afetam o setor agrícola.
De acordo com o portal Notícias Agrícolas, o Brasil enfrenta um déficit de 120 milhões de toneladas em capacidade de armazenagem, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção total de grãos pode ultrapassar 320 milhões de toneladas na safra 2024/25. A capacidade estática de armazenagem do país é de apenas 198 milhões de toneladas, o que gera um alerta entre os produtores, que temem prejuízos significativos.
A situação se agrava com a taxa de juros de 8,5% ao ano para o Programa para Construção de Armazéns (PCA), anunciado pelo governo federal na última terça-feira, 1º. Essa taxa é considerada elevada por entidades do setor, dificultando novos investimentos em infraestrutura. Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), destaca que a falta de armazéns adequados força os produtores a improvisar soluções, como o uso de silo bags, aumentando os riscos de perdas devido a chuvas.
No mercado interno, os preços do milho permanecem baixos, com cotações entre R$ 43,00 e R$ 44,00, influenciadas pela exportação. Em Mato Grosso, muitos produtores já comercializaram entre 50% e 60% da safra, enquanto a logística pressionada começa a impactar também o mercado da soja. A suspensão temporária das cotas de soja em Rondonópolis (MT) para priorizar o escoamento do milho resultou em um aumento de 12% nos custos logísticos nas últimas duas semanas, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Mato Grosso (Sindmat).