Desde 1996, a China proíbe que médicos revelem o sexo de bebês antes do nascimento, uma medida implementada durante a política do filho único, que vigorou de 1979 a 2015. A legislação visa combater a preferência cultural por filhos homens, que tem contribuído para uma desproporção alarmante entre os sexos nascidos no país.
Dados do censo de 2000 revelaram que a proporção de nascimentos masculinos na China chegou a 120 para cada 100 femininos, com algumas províncias registrando índices de até 130. Essa assimetria é atribuída a fatores culturais, como a expectativa de que os homens cuidem dos pais na velhice, enquanto as mulheres se tornam parte da família do marido após o casamento.
Embora o aborto seja legal na China, a seleção do sexo do bebê ainda é uma prática controversa. Apesar da proibição, muitos pais encontram maneiras de descobrir o sexo dos filhos, seja por meio de perguntas sutis aos médicos ou realizando exames em regiões como Hong Kong ou na Tailândia. Médicos que desrespeitam a norma podem enfrentar multas e até a perda da licença profissional, enquanto hospitais também estão sujeitos a penalidades.
A continuidade dessa proibição reflete a complexidade das questões culturais e sociais que envolvem a dinâmica familiar na China, evidenciando a necessidade de um debate mais amplo sobre a valorização da vida feminina no país.