As autoridades chinesas deram início à construção da maior represa hidrelétrica do mundo, localizada no cânion de Yarlung Tsangpo, no Tibete, em uma cerimônia presidida pelo primeiro-ministro Li Qiang no último sábado (19). O projeto, que tem um custo estimado de 1,2 trilhão de yuans (aproximadamente R$ 928 bilhões), visa gerar três vezes mais energia do que a atual maior represa, a Barragem das Três Gargantas.
Entretanto, o empreendimento tem gerado preocupações significativas na Índia e em Bangladesh, países que dependem do fluxo do Rio Yarlung Tsangpo. Especialistas alertam que a represa pode afetar milhões de pessoas que vivem a jusante, além de causar danos ao meio ambiente e às comunidades tibetanas locais. O ministro-chefe de Arunachal Pradesh, Pema Khandu, expressou receio de que a construção da barragem possa levar à escassez de água nos rios Siang e Brahmaputra, essenciais para a região.
A Índia já manifestou suas preocupações ao governo chinês, solicitando garantias de que os interesses dos estados a jusante não serão prejudicados. Em resposta, a China afirmou ter o "direito legítimo" de represar o rio, considerando os impactos a jusante. Bangladesh também se posicionou, enviando uma carta à China em busca de mais informações sobre o projeto, que pode afetar diretamente seu sistema fluvial.
O Rio Yarlung Tsangpo, que serpenteia pelo Planalto Tibetano, é considerado um recurso vital para a região. O projeto da represa, conhecido como Estação Hidrelétrica de Motuo, está sendo observado de perto por especialistas e autoridades, que temem que a nova infraestrutura possa ser utilizada como uma ferramenta de controle hídrico na região, impactando a economia e a vida de milhões de pessoas.