A China deu início na semana passada à construção da hidrelétrica do rio Yarlung Zangbo, um projeto considerado o mais ambicioso do setor elétrico do país. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Li Qiang durante um evento na região autônoma do Tibete. Com um investimento estimado em US$ 167 bilhões, a obra promete ser quatro vezes mais cara que a hidrelétrica de Três Gargantas, atualmente a maior do mundo.
O projeto, que consiste em cinco cascatas com usinas em cada uma das quedas, tem a expectativa de gerar 300 bilhões de kilowatts/hora anualmente, o que corresponde ao consumo elétrico do Reino Unido. Apesar de não haver um cronograma definido para a conclusão, a previsão é que a usina entre em operação na primeira metade da próxima década, criando cerca de 200 mil empregos e atendendo diretamente mais de 300 milhões de pessoas.
Entretanto, a construção enfrenta desafios significativos, tanto em termos de engenharia quanto de tensões geopolíticas. Localizada em uma região montanhosa próxima à Cordilheira do Himalaia, a área é suscetível a terremotos, como o de magnitude 7.1 que atingiu o Tibete em janeiro deste ano. Além disso, a Índia e Bangladesh expressaram preocupações sobre os impactos do projeto em seus territórios, com autoridades indianas alertando que a barragem pode secar até 80% do rio Brahmaputra, que passa pela região.
Em resposta às preocupações internacionais, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou que o projeto não afetará as áreas vizinhas e que a China se compromete a agir de maneira responsável em relação aos países limítrofes. A construção da hidrelétrica é vista como uma estratégia do governo chinês para impulsionar o setor de construção civil e reduzir a dependência do carvão, em busca de uma matriz energética mais limpa até 2030.