A China deu início na semana passada à construção da hidrelétrica do rio Yarlung Zangbo, um projeto considerado o mais ambicioso do setor elétrico do país. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, durante um evento na região autônoma do Tibete, onde a obra está sendo realizada. Com um investimento estimado em US$ 167 bilhões, o projeto promete ser quatro vezes mais caro que a hidrelétrica de Três Gargantas, atualmente a maior do mundo.
A nova usina contará com cinco cascatas, cada uma abrigando usinas hidrelétricas, e terá capacidade para gerar 300 bilhões de kilowatts/hora anualmente, o que corresponde ao consumo elétrico de todo o Reino Unido. Apesar de não haver um cronograma definido para a conclusão, a expectativa é que a hidrelétrica entre em operação na primeira metade da próxima década, gerando cerca de 200 mil empregos e atendendo diretamente mais de 300 milhões de pessoas.
Entretanto, o projeto enfrenta desafios significativos, incluindo a complexidade geológica da região montanhosa e a atividade sísmica, uma vez que o Tibete é suscetível a terremotos. Em janeiro deste ano, um tremor de magnitude 7.1 causou destruição e mortes na região, levantando preocupações sobre a segurança da obra. Além disso, a construção da hidrelétrica gera tensões geopolíticas com países vizinhos, como Índia e Bangladesh, que temem os impactos no fluxo do rio Yarlung Zangbo, conhecido como Brahmaputra na Índia.
O governo chinês, por sua vez, afirma que o projeto está sob sua jurisdição soberana e que não causará danos aos países vizinhos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, reiterou que o país se compromete a agir de forma responsável em relação aos impactos que a obra possa ter em territórios alheios.