Em 1832, Charles Darwin, um jovem naturalista britânico de 22 anos, desembarcou em Salvador a bordo do HMS Beagle, onde foi imediatamente impactado pelo vibrante Carnaval da cidade. O clima festivo, repleto de cores e sons, contrastava com a dura realidade social que ele logo presenciaria. Em seu diário, Darwin descreveu suas experiências no Carnaval, mencionando as brincadeiras que considerou violentas e sua dificuldade em manter a dignidade em meio à folia.
Após deixar Salvador em direção ao Rio de Janeiro, Darwin ficou maravilhado com a exuberância da Mata Atlântica, mas seu encantamento foi rapidamente ofuscado pelo choque da escravidão que dominava a sociedade brasileira. Durante sua estadia, ele testemunhou cenas de desespero entre pessoas escravizadas, incluindo uma mulher que preferiu se atirar de um penhasco a ser recapturada. Essas experiências o levaram a criticar abertamente a brutalidade da sociedade escravocrata.
Darwin, que vinha de uma família abolicionista, considerou a escravidão um crime contra a humanidade. Suas observações no Brasil reforçaram suas convicções sobre a unidade da espécie humana, levando-o a concluir que todas as raças compartilham uma ancestralidade comum. Ao longo de sua permanência, que se estendeu de abril a agosto, ele também expressou descontentamento com a burocracia e a corrupção, além de criticar a hospitalidade que considerou fria e arrogante. Em 3 de julho de 1832, declarou que não retornaria a um país que aceitava a escravidão.