Os campos úmidos do Cerrado, fundamentais para a preservação da água subterrânea, continuam a ser desmatados, mesmo com a proteção prevista pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei 12.651/2012). Um estudo publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation destaca que a falta de aplicação da legislação é a principal causa da degradação dessas áreas, que são frequentemente negligenciadas por políticas públicas.
Os olhos d’água difusos, que representam afloramentos naturais do lençol freático, são essenciais para a formação de solos encharcados, mas raramente são reconhecidos como tal. Alessandra Bassani, primeira autora do artigo, afirma que a confusão entre olhos d’água e nascentes contribui para a falta de proteção efetiva. "O que está faltando para proteção dessas áreas não é legislação, mas a aplicação da lei", ressalta.
Além disso, a pesquisa aponta que as áreas úmidas estão sendo sistematicamente ignoradas em mapas e licenciamentos, resultando na perda de mais de 580 mil hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2020, dos quais 61% foram convertidos para uso agropecuário. Essa conversão impacta diretamente a recarga dos aquíferos e o fluxo dos rios, comprometendo a sustentabilidade dos ecossistemas do Cerrado.