Nesta segunda-feira (28), o mundo relembra os 111 anos do início da Primeira Guerra Mundial, que teve seu marco com a invasão da Sérvia pelo Império Austro-Húngaro em 1914. O conflito, que se estendeu até 1918, foi marcado por intensas batalhas em trincheiras, onde milhões de soldados enfrentaram não apenas os horrores da guerra, mas também o tédio e a inatividade. Para aliviar a pressão, muitos criaram jornais de trincheira, que se tornaram uma forma de expressão e resistência no front.
Um dos jornais mais emblemáticos desse período foi o "The Wipers Times", publicado por soldados britânicos entre 1916 e 1918. Com um tom irônico e humorístico, as publicações abordavam a dura realidade da guerra, permitindo que os soldados escapassem, mesmo que brevemente, da violência ao seu redor. O professor Bruno Leal, da Universidade de Brasília (UnB), destaca que esses jornais eram uma forma de os soldados se ocuparem e se divertirem, abordando temas como a qualidade da comida e a falta de equipamentos, sem criticar abertamente a liderança militar para evitar censura.
Estudos indicam que mais de 600 jornais de trincheira foram identificados durante a guerra, com 107 no exército britânico, 400 no francês, 100 no alemão e pelo menos 50 no italiano. Essas publicações, muitas vezes feitas à mão ou impressas em condições precárias, refletiam a vida cotidiana dos soldados e se tornaram um importante registro histórico do conflito. O legado desses jornais continua a ser objeto de pesquisa, revelando a criatividade e resiliência dos que viveram um dos períodos mais sombrios da história moderna.