Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que 60,1% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Brasil necessitam de reformas estruturais. O Censo Nacional das UBS, que incluiu cerca de 45 mil estabelecimentos, revelou que mais de 27 mil unidades reportaram a necessidade de melhorias em sua infraestrutura. Os principais problemas incluem consertos nas paredes, forros e nas instalações hidráulicas e elétricas.
A pesquisadora da Fiocruz, Ligia Giovanella, destacou que, apesar dos avanços na infraestrutura e no cuidado nas UBS, ainda há uma grande demanda por reformas. A situação é crítica em algumas regiões, especialmente em locais afetados por desastres ambientais, como enchentes. O Rio Grande do Sul se destaca com 30,3% das UBS impactadas, sendo Canoas uma das cidades mais atingidas, com 19 das 28 unidades danificadas.
Além das reformas, a falta de equipamentos médicos também é uma preocupação. Apenas 9,1% das UBS possuem eletrocardiógrafos, essenciais para o monitoramento de doenças cardíacas. A escassez de dispositivos como carrinhos de parada cardíaca e desfibriladores é alarmante, com apenas 13,5% e 17,8% das unidades, respectivamente, dispondo desses itens. Ligia enfatiza a necessidade de universalizar esses equipamentos e melhorar a formação dos profissionais de saúde.
Outro ponto crítico é o acesso à telessaúde, que poderia aumentar a capacidade resolutiva das UBS. Embora 94,6% das unidades tenham acesso à internet, 29,4% avaliam a conexão como ruim, dificultando o uso efetivo da tecnologia. A infraestrutura das UBS também impacta a imunização, com apenas 79,7% das unidades dispondo de salas exclusivas para vacinação, o que compromete a eficácia dos programas de imunização.