O novo terminal de contêineres STS-10, em construção no Porto de Santos, São Paulo, pode não atingir a capacidade operacional anunciada pelo governo federal. A afirmação é de Lucas Moreno, CEO da Ellox Digital, que analisa a viabilidade do projeto. Segundo Moreno, a previsão de aumento de 3,5 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) se baseia em premissas consideradas irreais, como uma taxa de ocupação de 90%, quando o ideal seria entre 65% e 75% para evitar problemas operacionais.
Moreno destacou que a taxa de ocupação elevada pode levar a gargalos e custos adicionais, especialmente em momentos de pico. Ele também apontou que a capacidade efetiva do terminal, considerando o tempo médio de permanência dos contêineres, seria de aproximadamente 2,2 milhões de TEUs, muito abaixo do esperado. Além disso, o executivo mencionou que parte da área do terminal pode ser destinada a cargas específicas, como automóveis, o que reduziria ainda mais a capacidade para contêineres.
O STS-10, que está em planejamento desde o governo anterior, ainda não foi implementado e, mesmo que o leilão ocorra neste ano, a conclusão das obras pode levar de 5 a 7 anos. Em junho de 2025, 59% dos navios no Porto de Santos enfrentaram atrasos, com uma média de 8 dias de espera. Moreno enfatizou a urgência de avançar com o projeto para melhorar a capacidade operacional do porto.
Além disso, o CEO criticou a decisão da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) de restringir a participação de armadores já atuantes no Porto de Santos no leilão do terminal. Ele acredita que essa medida pode comprometer a competitividade e a arrecadação de recursos que poderiam ser investidos em melhorias logísticas na região.