A percepção de que o café de alta qualidade produzido no Brasil é destinado exclusivamente à exportação é um mito que não se sustenta na realidade contemporânea. Historicamente, durante os anos 80, a qualidade do café brasileiro era comprometida por fraudes e intervenções governamentais que desestimulavam a busca por grãos superiores. No entanto, desde 1989, com a transferência da fiscalização para a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), houve uma mudança significativa nesse cenário.
A Abic, preocupada com a queda do consumo de café no país, implementou o Selo de Pureza, garantindo que os produtos oferecidos aos consumidores fossem compostos por 100% de grãos de café. Essa iniciativa, acompanhada por um padrão de qualidade estabelecido pelo Ministério da Agricultura em 2022, proibiu a presença de impurezas e matérias estranhas nos pacotes de café, fortalecendo a fiscalização e combatendo produtos adulterados.
Nos últimos anos, o mercado de cafés especiais também ganhou destaque, com a fundação da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em 1991. Embora a maior parte da produção de cafés especiais ainda seja destinada à exportação, o consumo interno cresceu de 1% em 2015 para 15% atualmente, refletindo uma mudança nas preferências dos consumidores brasileiros. O diretor-executivo da BSCA, Vinicius Estrela, destaca que o aumento do consumo se deve ao crescimento da renda e ao interesse por produtos de maior qualidade no Brasil.