A percepção de que o Brasil consome café de baixa qualidade, enquanto os melhores grãos são exportados, tem suas raízes em uma realidade que perdurou até os anos 1980. Naquela época, cerca de 30% do café comercializado no país era adulterado, com misturas de cevada, milho e até areia. A situação começou a mudar em 1989, quando a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) assumiu a responsabilidade pela autorregulação do mercado, criando o Selo de Pureza para certificar cafés feitos exclusivamente com grãos de qualidade.
A campanha publicitária liderada pelo ator Tarcísio Meira ajudou a transformar a imagem do café nacional, incentivando a confiança dos consumidores nas marcas certificadas. Atualmente, para obter o Selo de Qualidade da Abic, as empresas devem passar por rigorosos processos de análise e auditoria, garantindo que os produtos atendam a critérios elevados de pureza e sabor.
Em 2023, o governo federal publicou a portaria 570, que estabelece limites rigorosos para impurezas e proíbe a presença de materiais estranhos nos pacotes de café. Essa norma reforça a atuação da Abic e das autoridades sanitárias, ampliando o controle de qualidade no setor. O mercado de cafés especiais também tem crescido, com o consumo interno aumentando de 1% em 2015 para 15% atualmente, refletindo uma mudança significativa na valorização do café brasileiro.