O vice-presidente da montadora chinesa BYD no Brasil, Alexandre Baldy, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (30 de julho de 2025), que a empresa poderá interromper suas operações no país caso o governo brasileiro ceda à pressão de montadoras estrangeiras. Baldy criticou as ameaças de ações judiciais por parte de concorrentes que buscam a aprovação de um regime tarifário de 10% nas importações de veículos da BYD, que será discutido no Gecex-Camex nesta quarta-feira, às 10h30.
O executivo destacou que a BYD já investiu R$ 2 bilhões no Brasil e solicitou uma redução temporária do imposto de importação até que sua fábrica atinja a produção plena em julho de 2026. Baldy enfatizou que a montadora chinesa está comprometida em aumentar o conteúdo local de seus veículos, com uma meta de 70% de nacionalização.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está considerando uma norma que favoreceria a produção de veículos com peças importadas, o que poderia beneficiar montadoras chinesas. A proposta prevê a redução do imposto de importação para carros elétricos e híbridos, provocando preocupações entre as principais montadoras que atuam no Brasil, como Volkswagen, Toyota e GM, que já manifestaram seu descontentamento em carta ao presidente Lula.
Além disso, governadores de seis estados enviaram uma carta ao ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, solicitando o adiamento da discussão sobre os pleitos da BYD. A reunião ocorre em um momento crítico, com a iminente aplicação de tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente Donald Trump, o que pode agravar ainda mais a situação do setor automotivo nacional.