O governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou sua saída da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e formalizou sua adesão a uma ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça, que acusa Israel de genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza. A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel na quinta-feira, 24, e confirmada por fontes do Itamaraty.
A decisão de deixar a IHRA, que o Brasil integrou como membro observador desde 2021, foi motivada por críticas à forma como a adesão foi realizada durante o governo anterior e pela percepção de que o país não poderia cumprir com as obrigações financeiras exigidas pela aliança. Além disso, o Itamaraty expressou descontentamento com as ações militares de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ressaltando a necessidade de uma postura clara em relação à legalidade internacional.
As tensões entre Brasil e Israel aumentaram desde o início do conflito em Gaza em 2023, especialmente após declarações do presidente Lula que compararam as ações israelenses ao Holocausto. A relação se deteriorou ainda mais com a retirada do embaixador brasileiro em Israel e a recusa do Itamaraty em aceitar o novo embaixador israelense em Brasília. A saída da IHRA e a adesão à ação na ONU coincidem com um crescente apoio internacional ao reconhecimento do Estado da Palestina, incluindo uma recente declaração do presidente francês Emmanuel Macron.
A IHRA, que visa promover a memória do Holocausto e combater o antissemitismo, enfrenta críticas de grupos de direitos humanos que acusam a organização de usar a memória do Holocausto para proteger Israel em casos de violência. A saída do Brasil da aliança pode sinalizar uma mudança significativa na política externa do país em relação ao conflito israelense-palestino.