O Brasil mantém sua posição como o maior fornecedor de café e carne bovina para os Estados Unidos, apesar da recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A Casa Branca confirmou que o café e a carne bovina estão entre as exceções à nova taxa, que afeta principalmente outros produtos. O país responde por cerca de 30% do mercado norte-americano de café, sendo responsável por 99% das importações de café não torrado dos EUA, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Além do café, o Brasil é o principal fornecedor de carne bovina para a indústria americana, que utiliza o produto em diversas preparações, como hambúrgueres. Embora os EUA também importem carne da Austrália, os cortes brasileiros são preferidos para a indústria. A inflação nos preços da carne nos EUA, impulsionada pela redução do rebanho local, tem levado o país a aumentar suas importações, com as vendas brasileiras alcançando recordes antes do anúncio das tarifas.
Leonardo Munhoz, pesquisador da FGV Bioeconomia, destacou que, enquanto o suco de laranja brasileiro foi mantido com uma sobretaxa de 10%, o café e a carne bovina permanecem isentos. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) está em negociações com a National Coffee Association (NCA) para garantir que o café brasileiro continue a ser uma exceção às tarifas. A indústria acredita que, mesmo com a sobretaxa, as vendas para os EUA não devem ser significativamente afetadas, uma vez que os importadores ainda possuem estoques de café não taxado.
A dependência dos EUA pelo café brasileiro é evidente, visto que a produção colombiana não consegue igualar o volume brasileiro, especialmente com a previsão de uma safra menor em 2025/26 devido a condições climáticas. Embora o Vietnã seja um competidor no mercado de café robusta, a preferência dos consumidores americanos pelo café arábica torna a dependência do Brasil ainda mais crítica.