O assessor de Política Externa da Presidência, Celso Amorim, anunciou que o Brasil intensificará seu compromisso com o bloco Brics, em resposta às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre seus parceiros comerciais, incluindo o Brasil. A declaração foi feita em entrevista ao Financial Times neste domingo, 27, após Trump reiterar que não adiará o prazo para a implementação das tarifas.
Amorim destacou que os ataques de Trump estão fortalecendo as relações do Brasil com os demais membros do Brics, enfatizando que a aliança não é ideológica, mas sim uma defesa da ordem global multilateral, que está sendo ameaçada pela postura dos EUA. "Queremos ter relações diversificadas e não depender de nenhum país", afirmou, mencionando a busca por parcerias na Europa, América do Sul e Ásia.
O embaixador também defendeu a rápida ratificação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, ressaltando os benefícios econômicos e o equilíbrio que o tratado pode trazer em meio à crescente guerra comercial. Além disso, Amorim revelou que o Canadá manifestou interesse em negociar um acordo de livre comércio com o Brasil, enquanto o governo Lula foca em maior integração regional na América do Sul.
Por fim, Amorim criticou a interferência de Trump nos assuntos internos do Brasil, afirmando que tal postura não foi vista nem nos tempos coloniais. Ele também negou que o Brasil deseje que a China saia vitoriosa na disputa comercial, apesar de ser seu maior parceiro comercial. "Os países não têm amigos, somente interesses", concluiu, referindo-se à abordagem de Trump nas relações internacionais.