Faltam apenas quatro dias para que os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos sejam taxados em 50%, caso o presidente Donald Trump cumpra sua ameaça. A medida, considerada uma chantagem sem precedentes na história das democracias ocidentais, está condicionada ao encerramento da ação penal contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e à revisão de decisões sobre regulamentação de big techs e o funcionamento do Pix.
O Brasil se encontra em uma encruzilhada, com a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as sobretaxas. A OMC, que reúne 166 países, atua como árbitro do comércio internacional, mas seus processos são lentos e não têm poder de obrigar a suspensão de tarifas. Nos Estados Unidos, o Congresso detém o poder de regular as relações comerciais, mas Trump, que possui maioria, tem anunciado as sobretaxas por meio de decretos presidenciais, evitando a necessidade de aprovação legislativa.
A única instância que pode barrar a imposição do tarifaço é o Tribunal Americano de Comércio Internacional, onde empresas com atuação nos EUA podem contestar as sobretaxas. Embora um inquérito sobre práticas comerciais injustas esteja sendo conduzido pelo governo americano, a conclusão pode demorar meses. Especialistas sugerem que o Brasil deve se aliar a empresas americanas que seriam impactadas negativamente pela elevação dos preços de produtos brasileiros.
Recentemente, um grupo de oito senadores brasileiros se reuniu em Washington com representantes da Câmara de Comércio dos Estados Unidos e de diversos setores da economia, como petróleo, gás, metalurgia, tecnologia, indústria farmacêutica e alimentos, para discutir as implicações do tarifaço e buscar alternativas para mitigar os impactos econômicos.