O Brasil se prepara para enfrentar uma crise comercial sem precedentes, após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, que entrará em vigor nesta sexta-feira (1º), visa retaliar investigações relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e pode impactar severamente setores estratégicos da economia nacional.
As tarifas afetam diretamente a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, que registraram um superávit de quase US$ 284 milhões (R$ 1,6 bilhão) em 2024. Os principais produtos brasileiros exportados para o mercado americano incluem petróleo bruto, produtos semiacabados de ferro e aço, café não torrado e aeronaves. O setor agropecuário, por exemplo, pode sofrer perdas de até US$ 5,8 bilhões (R$ 32 bilhões), segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária.
A Embraer, terceira maior fabricante mundial de aeronaves, é uma das empresas que pode ser gravemente afetada, com 45% de suas aeronaves comerciais destinadas ao mercado americano. O CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, alertou sobre possíveis demissões, considerando as tarifas como um "quase embargo". Outros setores, como pesca e armamentos, também enfrentam riscos significativos de impacto no emprego.
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca alternativas diplomáticas para mitigar os efeitos das tarifas, mantendo um diálogo com autoridades americanas. Além disso, o governo estuda implementar linhas de crédito especiais e aplicar a lei de reciprocidade, sancionada em abril, que permite restrições comerciais proporcionais. Contudo, especialistas alertam que substituir o mercado americano por outros parceiros comerciais, como a China, pode ser um desafio complexo devido às especificidades das exportações.