O Brasil voltou a ser um dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas, ocupando a 17ª posição no ranking global, conforme dados do Unicef e da OMS. Em 2024, 229 mil crianças brasileiras não receberam a primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP1), um aumento em relação aos 103 mil casos registrados em 2023, após uma significativa redução em anos anteriores.
Apesar do retrocesso, aproximadamente 2,3 milhões de crianças foram vacinadas com a DTP1 no ano passado, resultando em uma cobertura vacinal de 91%, superior aos 84% de 2022, mas ainda abaixo dos índices históricos que chegaram a quase 99% entre 2000 e 2012. O aumento no número de casos de coqueluche, que saltou de 764 em 2000 para 7.438 em 2024, destaca as consequências da baixa cobertura vacinal.
Globalmente, 14,3 milhões de crianças não receberam nenhuma dose de vacina em 2024, um aumento de 4 milhões em relação ao necessário para alcançar as metas da Agenda de Imunização 2030. A OMS e o Unicef identificaram que conflitos, subfinanciamento e desinformação são fatores que contribuem para a baixa cobertura vacinal.
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, ressalta que a percepção de risco em relação às doenças, devido ao sucesso das vacinas, pode levar à diminuição da busca por imunização. Ele também aponta que os dados da OMS e do Unicef não consideram a proporção da população infantil, o que pode distorcer a realidade brasileira em relação à vacinação.