O Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura. O país, que apresenta menos de 2,5% da população em situação de subnutrição entre 2022 e 2024, deixa a categoria de insegurança alimentar grave, marcando a segunda vez que isso ocorre desde o início da publicação do relatório, sendo a primeira em 2014.
O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares, realizada em Adis Abeba, na Etiópia. Apesar da saída do Mapa da Fome, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos no combate à insegurança alimentar, com milhões de brasileiros sem condições financeiras para adquirir alimentos suficientes e nutritivos. A queda do desemprego nos últimos anos não foi acompanhada por uma redução nos preços dos alimentos, que permanecem elevados.
O relatório da FAO destaca que o problema não reside na oferta de alimentos, mas no acesso a eles. Especialistas divergem sobre o modelo agroexportador brasileiro, com críticas sobre a priorização de commodities para exportação em detrimento da produção de alimentos básicos para o mercado interno. Além disso, o Brasil enfrenta os efeitos das mudanças climáticas, que impactam a produção agrícola e a segurança alimentar, e ainda lida com a existência de "desertos alimentares" em diversas regiões.
Embora a saída do Mapa da Fome represente um avanço importante, o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025” ressalta que a segurança alimentar plena ainda está longe de ser alcançada, evidenciando a necessidade de enfrentar os desafios estruturais que impedem o acesso à alimentação digna para todos os cidadãos.