O Brasil expressou preocupações sobre o uso crescente de tarifas como ferramenta de coerção política por grandes potências durante o Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizado em Genebra. Embora as críticas não tenham sido direcionadas especificamente aos Estados Unidos ou ao ex-presidente Donald Trump, a fala do embaixador Philip Fox-Drummond Gough foi interpretada como uma resposta à ameaça de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, programadas para entrar em vigor em 1º de agosto.
Gough, que ocupa o cargo de secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, destacou que tarifas arbitrárias estão desestruturando cadeias globais de valor e podem levar a uma espiral de preços altos e estagnação econômica. Ele alertou para a mudança perigosa no uso de tarifas como instrumento de interferência em assuntos internos de outros países, afirmando que negociações baseadas em poder são um caminho arriscado para a instabilidade.
O embaixador reafirmou o compromisso do Brasil com o Estado de Direito e a resolução pacífica de controvérsias, mas deixou claro que o país utilizará todos os meios legais disponíveis para proteger sua economia e seu povo caso as negociações não avancem. Gough também enfatizou a urgência de reformas na OMC, apontando que o sistema de comércio multilateral enfrenta um ataque sem precedentes que compromete sua credibilidade e eficácia nas resoluções de disputas.