O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, representante do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), expressou nesta quarta-feira (23) sua "profunda preocupação" com o uso de medidas comerciais unilaterais que interferem nos assuntos internos de outros países. A declaração foi feita durante um encontro em Genebra, realizado entre os dias 22 e 23 de outubro, que teve como tema central o "Respeito ao sistema multilateral de comércio baseado em regras", uma pauta proposta pelo Brasil.
Durante o evento, Gough condenou o uso de "tarifas arbitrárias" que, segundo ele, violam os princípios fundamentais da OMC e ameaçam a economia global. Embora não tenha mencionado diretamente os Estados Unidos, o embaixador criticou a implementação caótica dessas tarifas e reafirmou o compromisso do Brasil em buscar soluções negociadas e manter boas relações diplomáticas e comerciais. Caso as negociações não avancem, o Brasil se reserva o direito de utilizar todos os meios legais disponíveis, incluindo o sistema de solução de controvérsias da OMC.
Gough também enfatizou a importância de uma atuação conjunta entre as maiores economias do mundo, que se beneficiaram do sistema comercial, para combater a proliferação de medidas unilaterais. Ele destacou que as economias em desenvolvimento, mais vulneráveis a atos de coerção comercial, devem se unir em defesa do multilateralismo. O embaixador citou ainda uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a urgência em retomar o compromisso com a diplomacia e a reconstrução do verdadeiro multilateralismo.
Por fim, Gough pediu a recuperação do papel da OMC como fórum de resolução de disputas e defesa dos interesses legítimos de seus membros. A próxima reunião do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, agendada para sexta-feira (25), não abordará o tema das tarifas, mas discutirá propostas dos EUA relacionadas a medidas antidumping envolvendo China e Japão.