O governo brasileiro anunciou sua adesão à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra Israel, que é acusado de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza. A confirmação foi feita pelo chanceler Mauro Vieira durante uma entrevista à emissora Al Jazeera, no último fim de semana, coincidentemente durante a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro.
O Brasil se tornará uma terceira parte no processo, o que permitirá ao país apresentar argumentos próprios e apoiar formalmente a tese sul-africana, sem alterar os termos originais da acusação. De acordo com um diplomata do Itamaraty, a decisão reflete a avaliação de que Israel tem ignorado a diplomacia e realizado ações militares contra civis palestinos, não apenas em Gaza, mas também na Cisjordânia.
A iniciativa brasileira pode aumentar as tensões com o governo dos Estados Unidos, que já expressou desconforto com as posições do Brasil em fóruns internacionais. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor internacional da Presidência, sugeriu que o Brasil rebaixe suas relações diplomáticas com Israel e considere a suspensão do acordo de livre comércio com o país.
A ação da África do Sul tramita na CIJ desde 2022 e já conta com o apoio de nações como México, Colômbia, Turquia e Irlanda. A adesão do Brasil à causa reforça a posição do país em favor da soberania e do multilateralismo na política externa do governo Lula.