Em meio a crescentes tensões geopolíticas e a busca por soberania digital, o Brasil enfrenta um desafio significativo: a ausência de um sistema próprio de navegação por satélite. Especialistas apontam que a falta de investimento, continuidade em projetos e vontade política são os principais fatores que impedem o país de desenvolver sua própria alternativa ao GPS, sistema de posicionamento global dos Estados Unidos.
O Brasil já iniciou esforços para criar um sistema de navegação, como o SISNAV, proposto pela Aeronáutica na década de 2000, mas esses projetos não avançaram devido a cortes orçamentários e falta de coordenação entre diferentes esferas do governo. Para estabelecer um sistema global, seriam necessários investimentos na ordem de bilhões de dólares, além do lançamento e manutenção de pelo menos 24 satélites em órbita média.
A percepção de risco em relação à dependência do GPS é baixa no Brasil, uma vez que o país não participou de conflitos armados significativos. Contudo, a crescente militarização do espaço e as tensões econômicas, especialmente entre Brasil e EUA, estão mudando essa visão. Para garantir a autonomia tecnológica, especialistas sugerem que o Brasil deve investir em pesquisa e formação de profissionais na área aeroespacial, além de ampliar o orçamento destinado à ciência e tecnologia.
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 888 pesquisadores por milhão de habitantes, um número consideravelmente inferior ao de países como Alemanha e Coreia do Sul, que possuem mais de 4.000 pesquisadores por milhão. Essa disparidade destaca a necessidade urgente de um investimento robusto em ciência e tecnologia para que o Brasil possa desenvolver um sistema de navegação por satélite e garantir sua soberania digital.