O bisfenol A (BPA), um composto químico amplamente utilizado na fabricação de plásticos e resinas, tem gerado preocupação entre pesquisadores e autoridades de saúde devido à sua classificação como desregulador endócrino. Presente em produtos do cotidiano, como embalagens, utensílios domésticos e papel térmico, o BPA pode interferir na produção e ação dos hormônios humanos, especialmente os sexuais.
A coordenadora da comissão de endocrinologia ambiental da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Elaine Costa, alerta que a contaminação ocorre principalmente quando recipientes plásticos são aquecidos, liberando BPA nos alimentos. Além disso, o contato frequente com papel térmico, como as notas fiscais, pode resultar na absorção do composto pela pele, especialmente entre trabalhadores do comércio.
Embora a absorção de BPA pela pele seja considerada baixa, estudos indicam que a exposição contínua, mesmo em pequenas quantidades, pode acarretar riscos à saúde a longo prazo. A endocrinologista destaca que, embora não seja possível determinar um nível seguro de exposição em humanos devido a questões éticas, evidências epidemiológicas sugerem que populações mais expostas apresentam maior incidência de patologias relacionadas.
Pesquisas em animais já demonstraram que o BPA pode causar alterações na fertilidade, obesidade e diabetes. Sua estrutura química semelhante ao estradiol permite que ele interfira na ação hormonal, levando a consequências como redução da qualidade do esperma e alterações no ciclo menstrual. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a necessidade de monitoramento de compostos químicos como o BPA, que podem impactar a saúde pública.