A Borgonha, localizada no leste da França, é uma das regiões vitivinícolas mais renomadas do mundo, com uma tradição que remonta a mais de dois mil anos. A história do cultivo de videiras na região começou durante a colonização romana, quando as primeiras cepas de Vitis vinifera foram plantadas nas encostas bem drenadas que caracterizam a paisagem local. A produção de vinho ganhou impulso significativo na Idade Média, especialmente com a atuação dos monges beneditinos a partir do século IX, que sistematizaram o cultivo de vinhas e aprimoraram os métodos de vinificação.
No século XII, os monges cistercienses elevaram ainda mais a viticultura da Borgonha, identificando as sutilezas de cada terroir e criando os famosos “climats”, pequenas divisões de vinhedos com características únicas. Esses monges foram fundamentais para a classificação dos vinhos, reconhecendo que cada parcela de terra poderia produzir um vinho distinto, contribuindo para a reputação da Borgonha como produtora de vinhos de alta qualidade.
Após a Revolução Francesa, as terras da Igreja foram confiscadas e redistribuídas, resultando em uma fragmentação dos vinhedos, que perdura até hoje. A classificação dos vinhos na Borgonha é baseada no conceito de terroir e segue uma hierarquia de quatro níveis principais: Grand Cru, Premier Cru, Village e Régional, cada um refletindo a qualidade e as características específicas do solo. Essa estrutura não apenas determina a qualidade dos vinhos, mas também destaca a importância da origem das uvas na produção vinícola da região.
A Borgonha é, portanto, um exemplo notável de como história, religião e geografia se entrelaçam na produção de vinhos, com um legado que continua a influenciar a viticultura mundial.