O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (18) que o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 é de natureza política e carece de provas concretas contra ele. A declaração foi feita em Brasília, após deixar a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, onde foi obrigado a instalar uma tornozeleira eletrônica, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro enfrenta restrições de circulação noturna e nos fins de semana, além de estar proibido de manter contato com investigados e embaixadas. Ele classificou as medidas como uma 'suprema humilhação' e alegou que já foi alvo de quatro buscas e apreensões, durante as quais a Polícia Federal apreendeu cerca de US$ 14 mil em sua residência. O ex-presidente defendeu a legalidade dos valores, afirmando que possui recibos do Banco do Brasil para justificar a quantia guardada em casa.
A defesa de Bolsonaro expressou surpresa e indignação com as medidas cautelares, ressaltando que o ex-presidente sempre cumpriu as determinações judiciais. O STF autorizou os mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos em endereços relacionados ao ex-presidente e ao Partido Liberal (PL). Bolsonaro é réu em uma ação penal que investiga sua suposta participação na tentativa de golpe, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu sua condenação, alegando que ele fomentou a insatisfação social após sua derrota nas eleições de 2022.
Caso seja condenado, Bolsonaro pode enfrentar penas que ultrapassam 40 anos de prisão. Em 2023, ele já foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político, o que o torna inelegível até 2030. Em sua entrevista, o ex-presidente sugeriu que os processos judiciais visam excluí-lo do cenário político, uma vez que aparece em vantagem nas pesquisas de intenção de voto.