O beiju, alimento tradicional feito de mandioca, foi oficialmente declarado patrimônio imaterial do município de Irará, na Bahia, em uma votação realizada pela Câmara Municipal no dia 17 de junho. A proposta agora aguarda a sanção do prefeito local. Essa iguaria não apenas representa a cultura da região, mas também é um símbolo de identidade e sustento para muitas famílias na zona rural.
A produção do beiju em Irará é uma prática que atravessa gerações, especialmente entre as mulheres conhecidas como beijuzeiras, que mantêm viva a tradição artesanal em suas casas e cooperativas. Desde a década de 1980, o cultivo da mandioca e a produção do beiju têm se intensificado, gerando emprego e renda para mais de 120 mulheres na região, como Marinalva Cerqueira, conhecida como Nalva do Beiju, que lidera uma associação familiar dedicada à produção do alimento.
A Cooperativa de Sobradinho também se destaca, empregando cerca de 100 mulheres na fabricação do beiju. O Festival do Beiju de Irará, criado em 2015 por Bernadete e Lucy Anunciação, tem contribuído para a valorização da cultura local, promovendo a iguaria em diversas cidades e fortalecendo a cadeia produtiva rural. O evento itinerante é uma vitrine para as tradições e saberes das comunidades, como destacou Bernadete Anunciação.
Além disso, a história dessas mulheres foi documentada pela professora Josenilda Moreira dos Santos, que produziu um filme disponível no YouTube, ressaltando a importância do beiju na organização social e na superação de desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas. "O beiju foi quem me tirou da fome de comida e de conhecimento", afirmou Josenilda, destacando o impacto positivo que a produção do alimento teve em sua vida e na de muitas outras mulheres da região.