O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reiterou a necessidade de ampliar o acesso da população a crédito de menor custo durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, realizada nesta quarta-feira. Ele destacou que muitas famílias têm recorrido ao crédito rotativo, que é mais caro e deve ser utilizado apenas em situações emergenciais, enquanto outras opções de crédito requerem planejamento. Galípolo também apontou que algumas isenções permitem que empresas captem recursos a juros inferiores aos do Tesouro, que é considerado livre de risco.
Galípolo observou que há uma distorção na transmissão da taxa Selic para algumas modalidades de crédito, onde juros mais altos podem resultar em condições mais favoráveis para a tomada de crédito. Ele alertou que, para famílias endividadas, as taxas podem chegar a 200% ou 300%, tornando a política monetária menos eficaz. O presidente do BC enfatizou que aumentos na Selic podem não ter o efeito desejado para aqueles que já enfrentam altas taxas de juros.
Além disso, Galípolo defendeu a ampliação do perímetro regulatório do Banco Central, citando o crescimento das instituições financeiras não bancárias (NBFIs) e sua participação nos leilões de títulos, o que pode aumentar a volatilidade das taxas de juros. Ele ressaltou a importância de atualizar o arcabouço regulatório para acompanhar a evolução do sistema financeiro, incluindo a entrada de fintechs e instituições de pagamento, que têm contribuído para a redução do spread e a bancarização da população.
Por fim, o presidente do BC se posicionou contra a flexibilização da meta de inflação, afirmando que tal medida poderia ter efeitos negativos na economia. Ele considerou que qualquer tentativa de permitir uma maior desvalorização da moeda seria indesejável e prejudicial para a estabilidade econômica.