O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da USP divulgou nesta quinta-feira (17 de julho de 2025) que as empresas norte-americanas intensificaram a compra de carne bovina brasileira nos meses de março e abril, com o objetivo de formar estoques e evitar possíveis taxações impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O centro de estudos destacou que as aquisições ultrapassaram 40 mil toneladas mensais, um recorde que reflete o receio de aumentos nas tarifas de importação.
Os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os principais compradores da carne bovina brasileira, representando 12% das exportações do setor, atrás apenas da China, que responde por 49%. Apesar de uma queda nas compras em junho de 2025, que registraram o menor volume desde dezembro de 2024, as exportações totais de carne bovina do Brasil alcançaram quase 270 mil toneladas, o segundo melhor resultado do ano.
Além da carne bovina, o Cepea alertou sobre os impactos da nova política tarifária sobre outros produtos, como o suco de laranja e o café. Os EUA já aplicam uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada sobre o suco, e um aumento nas tarifas poderia inviabilizar a entrada do produto no mercado norte-americano. No caso do café, que representa 25% das importações brasileiras, a elevação dos custos comprometeria a cadeia produtiva no Brasil.
O Cepea também destacou a preocupação com as exportações de frutas frescas, como manga e uva, que enfrentam incertezas devido à indefinição tarifária. A entidade enfatizou a necessidade urgente de articulação diplomática para reverter a desestabilização do mercado agropecuário brasileiro, ressaltando que a segurança alimentar dos EUA também depende do fornecimento brasileiro.