Arapoti, município paranaense a 220 km de Curitiba, é a maior produtora de mel do Brasil, com cerca de 900 toneladas produzidas em 2024, representando 1,5% da produção nacional. No entanto, a cidade, que abriga aproximadamente 280 produtores rurais, enfrenta uma crise devido ao aumento de 50% nas tarifas de importação de mel imposto pelos Estados Unidos, afetando diretamente a economia local e a renda das famílias apicultoras.
Cerca de 80% do mel produzido em Arapoti é destinado à exportação, principalmente para o mercado americano. Com as novas tarifas, os apicultores locais, que contribuem com quase 1% do PIB municipal, estimado em R$ 1,31 bilhão, estão preocupados com a sustentabilidade de suas atividades. Ismael dos Santos Costa, um dos apicultores da região, expressou sua apreensão, afirmando que as decisões comerciais entre Brasil e EUA impactam não apenas sua produção, mas a de todos os produtores locais.
A produção de mel em Arapoti é sustentada por colmeias que se beneficiam das floradas de árvores nativas, como o capixingui. No total, a cidade conta com 130 mil colmeias, sendo 110 mil ativas, que utilizam abelhas africanizadas. Ricardo Rodrigues Pedroso, presidente da Associação de Apicultores e Meliponicultores Campos Floridos, alertou que as empresas exportadoras já estão reduzindo as compras, o que pode comprometer a competitividade do mel brasileiro e a sobrevivência dos pequenos produtores.
Os apicultores locais, que dependem exclusivamente da produção de mel, enfrentam um cenário desafiador. Costa, que começou sua carreira na apicultura aos 12 anos, destacou que a situação atual é a mais preocupante que já enfrentou, dada a alta dependência do mercado externo. A comunidade apícola de Arapoti aguarda ações das autoridades para reverter as medidas tarifárias e garantir a continuidade de sua produção.