Arapoti, município paranaense com cerca de 25 mil habitantes, é reconhecido como a maior produtora de mel do Brasil. No entanto, a cidade enfrenta um desafio significativo após a imposição de tarifas de 50% sobre o mel brasileiro pelos Estados Unidos, que ameaça a economia local e a vida dos cerca de 280 produtores rurais da região. A medida, anunciada neste mês, pode impactar diretamente os ganhos das famílias que dependem da apicultura, uma vez que aproximadamente 80% da produção local é destinada à exportação para o mercado americano.
Em 2024, Arapoti produziu mais de 900 toneladas de mel, representando 1,5% da produção nacional, que totaliza 61 mil toneladas. O mel é responsável por quase 1% do PIB municipal, estimado em R$ 1,31 bilhão. O apicultor Ismael dos Santos Costa, de 64 anos, expressou sua preocupação com a nova tarifa, afirmando que as decisões políticas afetam não apenas os produtores, mas toda a comunidade.
A produção de mel em Arapoti é predominantemente realizada por pequenos agricultores, que utilizam abelhas africanizadas. A cidade conta com cerca de 130 mil colmeias, sendo 110 mil ativas. A Associação de Apicultores e Meliponicultores Campos Floridos (Aapicaf) alertou que as empresas exportadoras já começaram a reduzir as compras, colocando em risco a competitividade do mel brasileiro e a sustentabilidade dos pequenos produtores. O presidente da associação, Ricardo Rodrigues Pedroso, pediu às autoridades que busquem soluções diplomáticas para reverter a situação.
Com a nova tarifa, muitos apicultores, que dependem exclusivamente da produção de mel, podem enfrentar dificuldades financeiras, comprometendo seus investimentos e a continuidade de suas atividades. A comunidade de Arapoti, que se destaca pela produção de mel orgânico, agora vive um momento de incerteza e apreensão em relação ao futuro de sua principal fonte de renda.