Dados recentes do Banco Central revelam que, no primeiro trimestre de 2025, R$ 22 bilhões mensais foram transferidos de contas de pessoas físicas para sites de apostas, totalizando cerca de R$ 270 bilhões ao longo do ano. Este montante representa 84% do varejo de carne bovina no Brasil, conforme o Anuário CiCarne. Em um contexto de eleições, o governo e a oposição utilizam símbolos como 'picanha e cerveja' para discutir a economia, mas as apostas online emergem como um fator significativo que impacta o orçamento familiar.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha/FGV com 2.600 domicílios indica que 29% dos entrevistados destinam parte do dinheiro reservado para o lazer a apostas digitais, enquanto 18% afirmam ter reduzido gastos com carne ou refeições fora de casa para manter suas apostas. O Banco Central estima que 20% da massa salarial nacional interage com casas de apostas anualmente, com um aumento de 62% no número de usuários ativos em grandes plataformas de apostas no último ano.
O Ibope Repucom reportou que R$ 1,1 bilhão foi investido em patrocínios de apostas a clubes e influenciadores, superando os investimentos de frigoríficos e cervejarias. Embora a inflação de carnes tenha sido contida, o consumo per capita de carne bovina permanece 18% abaixo dos níveis de 2014. A inclusão das apostas online na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2024/25 pelo IBGE destaca a crescente relevância desse setor nas despesas de lazer, especialmente entre famílias com renda de até três salários mínimos.
A recente regulação das apostas, que estabelece uma alíquota de 15% sobre a receita líquida das casas, pode trazer novos recursos ao setor. No entanto, economistas do Ipea alertam que cada ponto percentual de renda familiar transferido para apostas representa uma perda de R$ 5,2 bilhões anuais para o varejo alimentar e de bebidas, um problema que ainda não é amplamente discutido no debate político atual.