Analistas do mercado financeiro expressam preocupações sobre a possibilidade de a Petrobras retornar ao setor de varejo de combustíveis, considerando a medida negativa tanto para os negócios quanto para a governança da estatal. A avaliação surge em meio a discussões no Conselho de Administração da empresa sobre a inclusão desse retorno no Plano de Negócios 2026-2030. Especialistas recomendam que a Petrobras concentre seus esforços na exploração e produção de petróleo, especialmente na Bacia de Santos, onde já possui operações consolidadas.
Rodrigo Glatt, sócio da GTI Administração de Recursos, ressalta que a criação de novos postos de combustíveis seria menos rentável do que a manutenção dos existentes, uma vez que o setor é capital intensivo e oferece retornos inferiores aos investimentos em exploração de petróleo. A Petrobras estaria considerando um projeto greenfield para reingressar no mercado, iniciando do zero, semelhante à criação da BR Distribuidora há décadas.
A privatização da BR Distribuidora, que ocorreu durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, resultou na mudança do nome para Vibra, mas a empresa ainda pode usar a marca Petrobras até 2029. Apesar da recente redução de 5,6% no preço da gasolina, os postos de abastecimento não repassaram a queda aos consumidores, gerando descontentamento no governo Lula. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, alerta que a entrada da Petrobras no varejo pode criar distorções no mercado, prejudicando todo o setor de distribuição de combustíveis.