Pesquisadores do Cemaden e do Inpe alertam para o aumento do estresse hídrico na Amazônia, resultado da extensão das áreas afetadas e da duração da estação seca, que se intensificaram nas últimas décadas. Durante a 77ª Reunião Anual da SBPC, realizada em 16 de julho em Recife, foram apresentados dados que indicam que entre 50% e 60% das chuvas na região provêm da evaporação do oceano, essencial para a ciclagem da água e o armazenamento de carbono na floresta.
A pesquisadora Liana Anderson destacou que a redução das chuvas e o aumento das temperaturas, observados nos últimos 40 anos, podem comprometer a capacidade da floresta de realizar a evapotranspiração, elevando a mortalidade das árvores. Estudos recentes mostram que 63% da Amazônia enfrentou estresse hídrico em 2015, com números semelhantes em 2023, especialmente nas bordas do bioma.
Além disso, a pesquisa aponta que áreas com déficit hídrico significativo durante secas anteriores perderam grandes quantidades de carbono, o que, combinado com o aumento da temperatura, pode agravar ainda mais a situação. A cada grau de aumento na temperatura, há uma redução de 6% nos estoques de carbono, o que pode ter consequências drásticas para o ecossistema amazônico.