Agricultores de Santa Cruz e Ouricuri, em Pernambuco, estão mantendo vivas tradições alimentares por meio da preservação de sementes crioulas, que se adaptam ao clima semiárido e garantem a segurança alimentar em tempos de seca. A prática, que envolve a seleção e o cultivo de variedades como feijão trivicía e fava orelha de vó, é fundamental para a autonomia dos agricultores locais, que enfrentam altos custos com sementes comerciais.
Durante uma visita do g1, o agricultor Chico Peba, de Santa Cruz, destacou a importância das sementes crioulas, que são passadas de geração em geração e cultivadas sem o uso de insumos químicos, tornando-se mais resilientes às condições climáticas adversas. Segundo ele, as sementes comerciais não se adaptam bem ao clima da região, o que torna a preservação das variedades locais ainda mais crucial.
A pesquisadora Marilia Lobo Burle, da Embrapa, explica que as sementes crioulas não são necessariamente nativas, mas tornaram-se tradicionais por serem cultivadas por longos períodos em uma mesma área. Essa prática, além de preservar a cultura alimentar, ajuda a garantir a alimentação em momentos de crise, como as longas secas que afetam o sertão pernambucano.
A reportagem faz parte da série "PF: Prato do Futuro", que explora soluções para os desafios da produção de alimentos no Brasil. A preservação das sementes crioulas é vista como uma estratégia vital para enfrentar a insegurança alimentar e promover a autonomia dos agricultores familiares na região.