O motorista de carreta Arilton Bastos Alves e o empresário Hudson Foca, dono da transportadora responsável pela carga, foram ouvidos nesta quarta-feira (25) em audiência de instrução e julgamento em Teófilo Otoni, Minas Gerais. A audiência, que teve início na manhã desta quarta-feira no Fórum da cidade, marca o primeiro depoimento de Arilton desde que ele se tornou réu no processo, após o grave acidente na BR-116, no km 286, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni, na madrugada de sábado (21/12). O acidente, que envolveu uma carreta, um ônibus e um carro, resultou na trágica morte de 39 pessoas. A expectativa é de que a audiência, que deve durar todo o dia, colha depoimentos de 18 testemunhas, oito indicadas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e dez pela defesa dos acusados.
Tanto Arilton quanto Hudson Foca são acusados pelo Ministério Público de Minas Gerais de homicídio qualificado. A acusação sustenta que Arilton dirigia a carreta bitrem com excesso de carga, em alta velocidade e sob influência de drogas ou álcool, assumindo o risco de provocar a tragédia. O MPMG argumenta que as ações de Arilton, combinadas com a suposta negligência de Hudson Foca na gestão da transportadora, configuram dolo eventual, ou seja, a aceitação consciente do risco de produzir o resultado morte. As investigações apontaram falhas na manutenção do veículo e no controle de carga, aspectos que serão investigados a fundo durante a audiência, com o objetivo de elucidar a responsabilidade de cada um dos réus no contexto do acidente.
As consequências do julgamento afetarão não apenas os réus, mas também as famílias das vítimas e a comunidade local. Uma condenação poderá estabelecer um importante precedente jurídico sobre responsabilidade em acidentes de trânsito com múltiplas vítimas. A sentença, ainda sem data prevista, poderá influenciar futuras regulamentações e fiscalizações no setor de transportes, visando a prevenção de acidentes semelhantes. A repercussão do caso, que gerou comoção nacional, também reforça a necessidade de maior rigor nas leis e na fiscalização do transporte de cargas, com foco na segurança e na prevenção de tragédias nas rodovias brasileiras.