As academias populares de boxe de São Paulo, que operam sob viadutos, estão se reerguendo após um período de incertezas. O projeto social idealizado pelo ex-pugilista Nilson Garrido, que ficou interditado por dois anos, voltou a ganhar vida com a reabertura de um espaço na Zona Leste da cidade. A academia, que já acolheu diversos moradores de rua e ex-presidiários, enfrenta desafios devido à falta de documentação regularizada e à ameaça de despejo.
Fábio Garrido, filho de Nilson e atual coordenador do projeto, tem mantido as atividades com o apoio de voluntários e ex-alunos, mesmo sem a permissão oficial. O espaço, que passou por uma limpeza realizada por voluntários, ainda depende de doações de equipamentos para continuar funcionando. A história do projeto remonta a 1999, quando Nilson decidiu criar um abrigo para jovens em situação de vulnerabilidade após um acidente que quase lhe custou a vida.
Fernando Menoncello, um ex-morador de rua que se tornou campeão de boxe amador, agora coordena sua própria academia e destaca a importância do espaço como um refúgio para muitos. A iniciativa, que já ajudou centenas de pessoas, enfrenta a precariedade das permissões de uso de espaços públicos, que podem ser revogadas a qualquer momento, segundo especialistas.
Atualmente, a Prefeitura de São Paulo, por meio do projeto Baixos de Viaduto, permite a utilização de alguns espaços públicos para atividades comunitárias, mas a falta de políticas públicas mais robustas ainda é um desafio para iniciativas como a de Garrido. Com 185 viadutos na cidade, menos de 25 abrigam projetos sociais semelhantes, evidenciando a necessidade de maior apoio institucional para essas iniciativas.