Na última semana, um incidente em um parque de Goiânia chamou a atenção para questões de racismo estrutural no Brasil. Durante uma ronda de rotina da Polícia Militar, um homem negro foi o único abordado e revistado entre um grupo de pessoas que conversavam no local. A situação gerou indignação e reflexão sobre como indivíduos de diferentes etnias são tratados de maneira desigual em espaços públicos.
O episódio remete a um passado em que o racismo científico e jurídico classificava e hierarquizava seres humanos com base na cor da pele. Documentos oficiais do século XVIII e XIX frequentemente utilizavam expressões como "defeito de cor" para descrever pessoas negras, pardas ou mestiças, restringindo seu acesso a cargos públicos e direitos civis. Embora esses termos não sejam mais utilizados oficialmente, suas consequências ainda permeiam a sociedade brasileira, evidenciando a persistência de um imaginário coletivo racista.
A escritora Ana Maria Gonçalves, em seu best-seller "Um defeito de cor", aborda essa temática ao ressignificar a cor da pele negra como uma força de identidade e resistência. A obra critica o apagamento histórico e a ideologia do branqueamento que ainda afetam a população negra no Brasil. A narrativa de Gonçalves destaca a luta por reconhecimento e pertencimento, refletindo sobre como a cor da pele continua a ser uma marca de exclusão e desumanização na sociedade contemporânea.