Uma pesquisa publicada na revista The Lancet Planetary Health revelou que 39% dos jovens brasileiros expressam receio de ter filhos em razão das mudanças climáticas. O estudo destaca o impacto emocional da crise ambiental na saúde mental, especialmente em regiões como o Pará e Rondônia, onde eventos climáticos extremos, como queimadas e enchentes, são frequentes. Em Belém, os efeitos da ecoansiedade se manifestam em estiagens prolongadas e inundações repentinas, levando a um aumento do medo e da frustração entre a população, conforme explica o psicólogo Robert Rodrigues.
Rodrigues observa que as comunidades mais vulneráveis, especialmente nas periferias urbanas, sofrem desproporcionalmente devido à falta de infraestrutura e arborização. A situação é agravada por contrastes climáticos no país, com o Sul enfrentando inundações históricas enquanto a Amazônia lida com uma das maiores secas já registradas. Em Rondônia, o Rio Madeira secou completamente, prejudicando ribeirinhos e pescadores, enquanto em Santarém, a fumaça das queimadas afetou a saúde da população.
Com a chegada do “verão amazônico”, que vai de junho a novembro, os riscos de incêndios aumentam devido à combinação de estiagem e altas temperaturas. O biólogo Bruno Esteves Conde destaca que a degradação ambiental provoca sentimentos de luto ecológico entre povos indígenas e comunidades tradicionais, que enfrentam perdas materiais e culturais. Ele defende a importância de iniciativas como agroflorestas e brigadas comunitárias para promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo, ressaltando que é possível viver da floresta enquanto se cuida dela.