O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., representará o país por videoconferência na 4ª Cúpula Global da Gavi, marcada para 25 de junho de 2025, em Bruxelas. A participação foi solicitada diretamente pelo presidente Donald Trump, segundo informações da agência Reuters. O evento, coorganizado pela União Europeia e pela Fundação Bill & Melinda Gates, busca arrecadar US$ 9 bilhões para ampliar o acesso a vacinas em países de baixa renda. Kennedy Jr., conhecido por seu histórico de ceticismo em relação à eficácia de imunizantes, deve focar sua fala na “reestruturação da assistência estrangeira” dos EUA, sem anunciar novos aportes financeiros. A presença do secretário sinaliza uma mudança de tom na participação norte-americana em fóruns globais de saúde pública.
A escolha de Kennedy Jr., figura controversa no debate sobre vacinas, levanta preocupações entre especialistas e doadores internacionais. O governo Trump já havia sinalizado intenção de cortar sua contribuição anual de cerca de US$ 300 milhões à Gavi, alinhando-se a uma política externa mais restritiva. O Reino Unido, maior doador soberano da organização, também avalia reduzir sua ajuda, o que pode comprometer as metas da ONG para imunizar milhões de crianças em situação de vulnerabilidade. Segundo fontes ligadas à cúpula, a fala de Kennedy Jr. será acompanhada com atenção por países africanos e asiáticos, que dependem do financiamento da Gavi para campanhas de vacinação essenciais. Já representantes da UE expressaram preocupação com o impacto político e simbólico da possível retração norte-americana.
A presença de Kennedy Jr. na cúpula pode marcar um ponto de inflexão nas relações dos EUA com iniciativas multilaterais de saúde. Analistas observam que o gesto reflete uma tendência crescente de nacionalismo sanitário, em que países priorizam interesses internos mesmo diante de crises globais. Com o enfraquecimento do apoio de grandes doadores, a Gavi pode precisar repensar suas estratégias de financiamento, recorrendo mais à filantropia privada e a parcerias regionais. Os próximos meses serão cruciais para medir o compromisso das nações com a imunização global em meio a desafios geopolíticos e orçamentários. A decisão de Trump de escalar Kennedy Jr. para o evento lança luz sobre os dilemas contemporâneos entre ciência, política e cooperação internacional.