O ano de 2024 trouxe consigo uma das mais devastadoras tragédias ambientais já registradas no Brasil, com incêndios consumindo 30 milhões de hectares, conforme dados do MapBiomas. Este evento representa um aumento alarmante de 62% em relação à média histórica, tornando-se a segunda maior destruição desde 1985. O Relatório Anual do Fogo (RAF), divulgado recentemente junto à Coleção 4 de mapas de cicatrizes de incêndio, destaca que 72% da área atingida era de vegetação nativa, com 7,7 milhões de hectares de floresta devastados. A Amazônia foi particularmente impactada, com 15,6 milhões de hectares queimados, um recorde histórico que marca uma transição significativa na natureza dos incêndios na região.
O aumento nos incêndios está intimamente associado à seca intensa resultante do fenômeno El Niño, que influenciou drasticamente as condições climáticas entre 2023 e 2024. Segundo especialistas do MapBiomas, a maioria dos incêndios na floresta amazônica é atribuída à ação humana, especialmente em áreas onde o manejo inadequado predomina. A destruição de 6,7 milhões de hectares de floresta na Amazônia superou pela primeira vez a área de pastagem queimada, um indicativo preocupante de mudança nos padrões de uso do solo. As consequências imediatas incluem a perda de biodiversidade, impactos econômicos em comunidades locais e um aumento na emissão de gases de efeito estufa.
As implicações futuras dessa tragédia são vastas, com potencial para redefinir políticas ambientais e práticas de conservação no Brasil. A tendência de aumento na frequência e intensidade dos incêndios, impulsionada por mudanças climáticas e práticas agrícolas insustentáveis, exige uma resposta imediata e coordenada. Governos, ONGs e comunidades locais precisam colaborar para implementar medidas de prevenção e recuperação. Conforme o Brasil busca equilibrar desenvolvimento econômico com conservação ambiental, esta tragédia serve como um lembrete urgente da fragilidade dos ecossistemas e da necessidade de práticas mais sustentáveis. A atenção global ao problema pode catalisar mudanças significativas nas políticas públicas e na conscientização ambiental.